terça-feira, 8 de novembro de 2011

Tinturas naturais da Idade Média

Os principais corantes usados foram a GARANÇA (vermelho) e o PASTEL (diversos tons de azul). Mas também o QUERMES (tintura vermelha) e a GAUDA (tonalidade verde-amarelada).

O desenvolvimento do comércio facilitou a introdução dos corantes a mordente, como o açafrão (amarelo) e o cártamo (vermelho), vindos das regiões meridionais - trazidos pelos
O alúmem era o principal fixador utilizado. Os fixadores eram também extraídos de plantas locais e cinzas da queima de determinadas árvores eram usadas na tintura e lavagem dos tecidos.

G A R A N Ç A

É a tintura vermelha extraída da raiz da garança (Rubia tinctorum) é a mais conhecida das tinturas vegetais, a que oferece a cor mais firme e a utilizada há mais tempo – certamente desde a Pedra Polida (10.000 a 4.000 a.C.).
Originária da Ásia, sendo cultivada na Idade Média também na Europa e no Oriente Médio.
Os gauleses misturavam o vermelho da garança com o azul do pastel para conseguir uma bela tonalidade de violeta. Ainda hoje podem ser encontradas raízes secas de garança em bazares do Afeganistão, que são provavelmente utilizadas por tribos locais no tingimento da lã para tapetes.


P A S T E L

Planta (Isatis tinctoria) da qual são extraídos diferentes tons de azul. Também é conhecida do homem desde a Idade da Pedra Polida. Possui flores amarelas, mas somente as folhas são utilizadas.
Desenvolveu-se para o tingimento na Idade Média, sendo cultivada intensamente na Franca e, com o comércio, no restante da Europa, do Oriente Médio e no sul da Ásia.
Com a chegada do índigo à Europa (trazido por Vasco da Gama em 1516, ao descobrir o caminho das Índias), a glória do pastel chega ao fim. O índigo garantia uma tonalidade mais rica, além de oferecer uma produção mais fácil.


Í N D I G O

O azul índigo é extraído principalmente de uma planta de origem indiana (Indigofera tinctoria), mas também de outras variedades que crescem na Índia (onde já era usado em 600 a.C), no Egito, no Oriente Médio e na América. Os egípcios, fenícios e chineses conheciam o índigo há milhares de anos. Ainda na Antiguidade, chegava à Europa pela península árabe.
Foi obtido sinteticamente em 1880 e logo no fim do século XIX superou o índigo natural. Durante o tingimento, o índigo aparece como uma solução amarelada (chamada de índigo branco) e após a tintura a cor é regenerada por meio de oxidação – quando os tecidos são expostos ao ar, tornam-se verdes e, em seguida, azuis.

Q U E R M E S

Corante obtido da fêmea de um inseto que contem o pigmento vermelho escarlate. A espécie quermes (Kermes vermilio) vive como um parasita do carvalho quermes.
Conhecido desde a Pré-História, foi substituído pela cochonilha do México. Ainda é encontrado em determinadas regiões da França, Espanha, Portugal, Marrocos – mas encontra-se ameaçado de extinção.


Os insetos não podem ser criados, ao contrário da cochonilha e são comercializados depois de secos ao sol - quando adquirem a aparência de pequenas sementes brilhantes.

G A U D A

Planta herbácea (Reseda luteola) que tornou-se a principal fonte de amarelos, castanhos claros e oliva.
Como a garança, foi utilizada para tingir seda, lã, algodão e linho – sempre precedida por um mordente à base de alúmen ou de alúmen e tártaro.

Sementes de gauda foram encontradas em escavações na Suíça, datando de 10.000 a 4.000 a.C. Seu hábitat indica solos pobres, secos, arenosos ou calcários. Segundo Pezzolo, tudo leva a crer que a planta é originária da Europa – onde até hoje pode ser encontrada em estado selvagem.

P Ú R P U R A

Os primeiros testes da tintura à base de púrpura, um corante extraído do molusco múrice, datam de 1439 a.C. na Fenícia (onde hoje se situam Líbano e Síria). Segundo Pezzolo, “nenhuma outra tinta natural pode igualar seu esplendor, que no passado distinguia a elite e o poder” (p.173).
Na Grécia a cor era reservada às pessoas ricas e elegantes. Em Roma um regulamento designava quais pessoas estariam autorizadas a se vestirem de púrpura. No Antigo Testamento ela é mencionada como cor sagrada.
A Sicília tornou-se o centro da tintura a base de púrpura durante séculos, até ser substituída pelo carmim (proveniente da cochonilha). Em 1909, a fórmula química desse corante foi finalmente estabelecida por Paul Friedland.

C O C H O N I L H A

Inseto da família dos coccídeos, cujo corpo seco fornece um corante vermelho natural, o carmim. A cochonilha doméstica é a mais popular e pode ser encontrada nos cactus originários da América Central e já era conhecida entre as civilizações pré-colombianas, especialmente os incas do Peru. A Europa iniciou a importação a partir do século XVI, utilizando o carmim nas vestimentas militares de gala – pois oferecia grande resistência à luz, transpiração e lavagens. Os corantes sintéticos (1856-1869) acabaram ocasionando seu declínio.
Calculam-se 14.000 cochonilhas para 100g de corante! Oferece tons de rosa em tecidos não tratados com mordentes, mas varia do vermelho escarlate ao púrpura dependendo da natureza dos mordentes.

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